Jogo Perigoso. Cap 04

- Bom dia, Senhora Rodriguez. - Chego no SIP completamente perturbada, ainda pensando no segundo encontro com ele, no mesmo dia.
- Hanna, ja falamos sobre isso. - Ela sorri.
- Me desculpe, força do habito.
- Algum recado? - Eu pergunto.
- Cristian ligou. - Eu gelo.
- Cristian?
- Sim, Senhorita. Porque o espanto? É o Cristian que esta cuidando daqueles relatório...
- Ah sim, o Cristian do RH. - Eu estou ficando louca.
- É, ele precisa falar com voce. E tem mais uma coisa... - Ela senta.
- O que foi?
- O seu marido, ligou aqui para confirmar se voce tinha uma reuniao hoje a noite. - Ele sempre faz isso.
- O que voce disse, Hanna?
- Disse o que a Senhorita pediu, falei que nós tinhamos uma reuniao com os diretores. - Suspiro aliviada.
- Obrigada, Hanna.
- Senhorita, desculpe, mas é que nós nao temos nada hoje.
- Eu sei, Hanna. Eu sei parece estranho, mas se ele ligar novamente eu preciso que voce mantenha isso, ok? - Ela fica confusa.
- Ok, como a Senhorita quiser.
- Só isso? - Eu pergunto.
- Por enquanto sim, Senhorita. Eu deixei os orçamentos desse mês ai na sua mesa. - Pego os papeis.
- E como estão?
- Eu nao queria decepciona-la, mas nao sao bons.
- Como eu já imaginava. Hanna, sente-se.
- Algum problema?
- Voce sabe que eu nao gosto de deixar as coisas no ar... voce me entende, nao entende?
- Sim, Senhorita.
- Eu só queria dizer que se eu estou mentindo para o José é porque eu tenho meus motivos.
- Eu sei... eu jamais questionaria isso.
- Foi só para comentar mesmo, obrigada Hanna. Ja pode se retirar.
- Ok, se precisar de mim já sabe.
- Obrigada.
A sensaçao que eu tenho é que sempre tenho que mentir para todo mundo. É como se eu fosse uma pessoa com dupla personalidade, se eu pudesse fazer as coisas diferentes, se eu tivesse coragem de contar ao José... não posso. Ele nunca aceitaria.
Hoje minha agenda não esta muito cheia, então depois de uma tarde resolvendo algumas pendencias e tentando fazer com que a SIP nao entre em colapso a qualquer momento vou para casa.
- Hanna, já estou indo. Se precisar me encontre no celular ou e-mail.
- Sim, Senhora.
Não tenho muito tempo, preciso ir para casa, tomar um banho e sair. O dificil mesmo vai ser a discussao com o Jose quando eu chegar.

Abro a porta devagar. Pelo jeito como esta tudo quieto ele nao deve estar aqui. Vou de ponta de pé até o quarto.
- Ana, é você? - Radar de confronto.
- Oi... sou eu.
- Estou na cozinha. - Dou meia volta e vou até ele.
- Estava na SIP?
- Sim, tive que resolver algumas coisas.
- E mesmo voce ficando ate essa hora vai ter que ir na reuniao?
- José... eu nao quero discutir.
- Foi apenas uma pergunta.
- Sim, eu vou ter que ir. Inclusive vou tomar um banho, nao posso me atrasar.
- Hanna confirmou sua reuniao.
- É.. eu fiquei sabendo que voce ligou. O que voce esperava?
- Ana, voce sabe que é o amor da minha vida. Eu faço tudo por voce, casamento para mim é algo sagrado.
- Não entendo porque voce esta dizendo isso.
- Voce sabe que eu nao suporto mentiras...
- Olha, José. Pense o que quiser. Eu realmente nao vou discutir isso com voce.
- Eu só espero que todo esse tempo que voce sai de casa a noite seja mesmo para reuniões. - Eu não posso discutir com ele. Não sabendo que eu estou mentindo. A culpa me absorve, é algo que eu não consigo explicar. Só que eu nao posso abrir mão desse senho.
- Já estou indo. - Eu nao levo absolutamente nada daqui. Vou com uma roupa completamente normal e me troco lá. Ele esta lendo um livro.
- Eu já sei, Ana. Voce nao tem hora...
- Não precisa me esperar. - Saio.
Além de todo esse confronto com José ainda tem a parte da gravides. Eu já disse inumeras vezes que nao quero ter filhos, não nesse momento, mas ele nao entende. Eu disse a ele que havia parado de tomar as pilulas, mas eu nao parei. Ótimo, Anastasia. Mais uma parcela de culpa na sua conta.
- Anastasia, minha bela! - Ele corre me abraçar.
- Oi, Brad.
- Que carinha é essa? Discutiu com o seu boy novamente? - Me sento no sofá de couro marrom.
- Sim... para variar um pouco. A convivencia covivencia com ele esta muito complicada.
- Querida, voce realmente ama o José?
- Sim... eu o amo.
- Eu ainda acho que voce só se acostumou a viver com ele. E digo mais, voce tem na sua cabeça a ideia fixa de que o casamento é para sempre.
- E voce acha que não?
- Eu acho que a felicidade é que tem que ser para sempre, querida. Estamos em pleno século vinte e um. - Ele me faz rir.
- Eu não gosto de mentir, de dizer a ele que eu vou fazer uma coisa quando na verdade vou fazer outra completamente diferente.
- As vezes para seguir nossos sonhos temos que fazer pequenos sacrificios, as coisas são assim.
- É... voce tem razao.
- Agora, eu estou louco para mostrar o modelito que eu separei para voce esta noite. - Ele corre para o armario.
- Brad! - Fico sem palavras assim que vejo a roupa. É body preto, modelo frente unica. A parte de baixo é um shortinho preto, curto, porém olhando de costas parece uma saia, pois há um tecido meio tranparente que cobre a bunda. É escandalosamente lindo.
- É criaçao sua? - Eu pergunto.
- Sim, voce gostou?
- Eu amei... é lindo, Brad. Tão lindo que nem sei se devo usar.
- Claro que deve usar. Esse Senhor é especial, e alem disso, com o que ele esta pagando meu bem... - Ele ri.
- Voce nao me disse quanto.
- Muitos zeros, meu amor.
- Sempre cheios de misterios. Bom, eu vou me trocar e volto em um minuto.
- Tudo bem, voce tem um tempinho.
- Saio daqui e já vou para o salao.
- Salao? - Ele ri - Não, querida. Você vai para outra sala.
- Outra sala? Brad, eu sempre danço no...
- Eu sei, mas é um espetaculo particular. Eu sei que ele esta pagando bastante, mas eu nao poderia me dar ao luxo de fechar a casa. Então, eu reservei uma sala.
- Nao estou gostando nada disso.
- Querida, eu ja disse que nunca iria colocar voce em problemas.
- Eu sei, Brad...
- Então vá se trocar logo, antes que ele chegue.
Me encarando no espelho eu não me reconheço. Não era para eu estar aqui, não fazendo uma coisa como esta. Eu sou uma mulher casada e nesse exato momento estou pronta para entrar em uma sala e dançar para um homem desconhecido... quanto mais eu penso nisso mais eu fico desesperada.
- Pronta? - Ele aparece na porta e fica me olhando com cara de espanto.
- O que foi?
- Voce está muito linda, Ana!
- Jura?
- Claro que sim! Eu estou... pasmo! - Fico encabulada com tanto elogio, alias não preciso de muito para as minhas bochechas ganharem cor. - Vamos, ele esta esperando. - Meu coraçao esta muito acelerado.
Chegamos na porta da sala, eu nem ao menos sabia que existia esse lugar. Ele pega as minhas mãos.
- Obrigada por fazer isso por mim. Sabe que esse dinheiro vai ser muito importante para nós dois.
- Eu sei, Brad. Só estou fazendo por você.