Jogo Perigoso. Cap 06

Talvez eu devesse acabar com tudo isso e dizer ao José a verdade, afinal, eu não sei o que aquele homem pode fazer. Ele pode muito bem me chantagear, não que eu seja a pessoa ideal para ser vitima de uma coisas dessas, até porque eu nao tenho dinheiro e porque ele é rico, não precisa tirar dinheiro de ninguem.
Já são quase uma hora da manhã, entro pela porta e tudo esta escuro. José provavelmente ja esta dormindo, então é uma boa hora para deitar e dormir, evitar confrontos é a melhor maneira de não levantar suspeitas agora.
- Ana? - Eu congelo.
- José! - Coloco a mão no peito, ele sempre faz isso. - Porque voce sempre faz isso?
- Nossa, porque esta tao assustada?
- Nada, não foi nada. É que estava tudo escuro e do nada...
- É maquiagem? - Ele diz, se aproximando do meu rosto. Como se quisesse me examinar.
- O que? - Merda! Coloco desesperadamente a mao no rosto e tento disfarçar.
- Maquiagem. - Ele se aproxima ainda mais. - Voce nao estava maquiada quando saiu daqui.
- Voce nao deve ter reparado direito, eu estava sim...
- Não, voce nao estava. Aonde voce estava?
- José, já são mais de uma da manhã.
- Não me interessa a hora! - Ele grita. - Voce chega tarde da noite, maquiada, estranha e eu tenho que manter a calma? Como quer que eu acredite em reunião? Que tipo de pessoa discute trabalho a uma hora dessas? No minimo vão denunciar voce por exploraçao no trabalho.
- Eu estava em uma reunião... - Ele ri.
- É claro... Sabe, é melhor eu pegar o meu travesseiro e dormir na sala.
- José, espera...
- Agora quem não quer mais discutir sou eu, boa noite. - Ele sai pisando duro e bate a porta.
Esqueci de tirar a maquiagem, pisei completamente na bola. Agora, além de todos os meus problemas eu tenho esse homem vagando na minha cabeça, essa proposta... Procuro o cartao dentro da minha bolsa e fico observando. O que esse homem quer comigo? Eu preciso falar com alguem, preciso de opiniao. Kate, ela pode me ajudar.
- Kate? - Eu falo baixinho ao celular olhando para a fresta da porta.
- Ana? Que horas são?
- Kate, estou perdida.
- Perdida? O que aconteceu? Voce esta com o Brad?
- Não, estou em casa. Preciso de ajuda.
- O que foi? Me diga logo, estou preocupada.
- Cristian Grey, ele estava na boate, ele me viu dançar, alias eu dancei para ele...
- O que? - Ela grita. - Te viu dançar? Como assim Ana?
- Ofereceu muito dinheiro ao Brad para me ver dançar, mas eu nao sabia que era ele, eu juro que nao..
- Isso agora nao importa tanto, o que importa é, ele te ameaçou? Acha que ele pode contar?
- Ele disse que nao vai contar, mas em compensaçao disse que tem uma proposta e quer me ver.
- Ana, voce tem que ir.
- Kate, eu sou casada.
- Bem por isso, e se voce nao for e ele contar ao José? Voce vai perder tudo? Morrer na praia agora?
- O que ele pode querer comigo?
- Amiga, se prepara.
- Porque? O que voce acha que pode ser?
- Ele quer você! Sabe Deus o que aquela mente doentia pode querer.
- Até o primeiro dia voce achava que ele era um Deus e agora pensa que ele é um psicopata? - Ela ri.
- Ana, eu sei bem como funciona a mente desses cara ricos. Eu ainda acho ele um empresário gostoso, mas tambem acho que ele é meio estranho.
- Estou com medo, Kate.
- Esse safado nao vai fazer nada com voce. Voce nao vai trair o Jose e nem nada do tipo, só vai até la para ouvir o que ele tem a dizer, estamos pensando o pior, mas pode ser que seja uma coisa boa.
- Entao voce acha mesmo que eu devo ligar?
- Claro que sim! Ligue, tente descobrir o maximo que conseguir e me avise depois. Agora, Ana...
- O que foi? - Eu sussuro.
- Vai dormir! Já são quase duas horas da manha. - Estamos rindo.
- Já estou indo, boa noite.
- Boa noite, eu te amo.
- Eu tambem te amo. - Eu desligo.

Como posso dormir depois de tudo isso? A minha cabeça é como uma engrenagem que não para de funcionar nem por um momento, vejo as horas passando, minuto a minuto, segundo a segundo e todas as tentativas de fechar os olhos são em vão. Levanto, ando de um lado para o outro no quarto, na tentativa ridicula de ensaiar uma maneira de ligar para ele e dizer que eu quero ouvir a proposta. Ele pode me achar uma vadia, afinal eu estou querendo ouvir uma proposta de outro homem, sendo que eu sou casada, mas em compensação se eu nao ligar ele pode contar tudo ao José. Meu Deus, me ajude a pensar.
O sol já esta clareando o céu de Seatle, e eu como um zumbi encarando a janela.
- Oi? Posso entrar? - José esta parado na porta aguardando a minha aprovação, como se o apartamento não fosse dele
- Claro que sim...
- Voce esta bem? Parece que nao dormiu.
- Não muito bem, mas eu vou ficar. Não se preocupe.
- É por causa do que eu fiz não é? Deixei você dormindo sozinha... - Na verdade não é por isso, mas eu acho que o mais prudente agora é realmente fingir que sim.
- É... eu não queria que você tivesse dormido no sofá.
- Meu amor. - Ele sorri e vem em minha direçao ao mesmo tempo, colocando as duas mãos diretamente no meu quadril. - Eu estou louco de saudade, voce vai trabalhar agora? - É serio isso? José é muito previsivel, eu já sei o que ele quer somente por duas coisas. Primeira, quando ele coloca a mão sob o meu quadril e segunda, quando pergunta se eu vou trabalhar. Isso só significa uma coisa, ele quer transar. Não posso ser completamente injusta ao falar sobre ele, José sempre me tratou como qualquer mulher gostaria de ser tratada, sempre me protegeu, me deu carinho, mas as vezes eu acho que deveriamos ter esperado para tomar a decisão do casamento.
- Ana... - Ele beija o meu pescoço, sinto um arrepio percorrendo o meu corpo, é estranho, mas eu quero isso. Eu retribuo os seus carinhos. Eu e José quase nunca transamos, é algo que eu procuro evitar ao maximo, eu sei que parece estranho, mas eu tenho os meus motivos. É que depois de tanto tempo... eu sou um ser humano, eu tambem não consigo resistir por muito tempo. Ele me joga na cama, e é ai que a coisa mais estranha acontece, não é mais José que esta ali, mas sim, ele. Cristian Grey. Engulo em seco, pisco duas vezes para realmente ter certeza de que não estou louca, mas não. Continuo vendo seu rosto perfeito me desejando ardentemente, me entrego.
- Ana, meu amor. - Abro os olhos meio sonolenta.
- José? - Eu grito. Levantando da cama, com o lençol ao meu redor.
- Isso? - Ele ri.
- Nós... é... nós trasamos? - Eu pergunto.
- Sim, somos marido e mulher que se amam, é normal. Agora venha até aqui. - Isso esta ficando pior do que eu pensava, eu não transei com ele porque eu o amo e porque é meu marido, mas sim porque imaginei outro homem!
- Não! Estou atrasada! - Corro para o banheiro e fecho a porta.
- Meu Deus! Meu Deus! - Eu repito a mim mesma enquanto corro de um lado para o outro.
- Ana, abra a porta. Vamos tomar um banho juntos?
- José... pode por favor, pegar uma correspondencia para mim lá embaixo?
- Porque? Eu já peguei todas hoje pela manha.
- Pois é... - Droga! - É que... Kate acabou de ligar dizendo que deixou uma coisa para mim, por favor, eu preciso desse documento.
- Ok, ok... mas não fuja. - Ele ri.
- Claro que não... - Fico com o ouvido na porta. Assim que escuto a porta bater eu saio correndo. Me arrumo o mais rapido que posso e saio. Vou pela escada, para nao correr o risco de trombar com ele na entrada do elevador. Saio assustada, trombo com uma pessoa e quase sou atropelada denovo.
- Calma, calma! Vamos pensar, ligar para a Kate, isso! - Idealizo o plano e cumpro.
- Kate! Aonde voce esta?
- Na lanchonete, voce nao vai vim na aula hoje não?
- Assunto de vida ou morte! Me espere ai mesmo!
- Ok, mas... - Não espero ele falar, encerro a ligaçao.
Passo o endereço para o taxista e digo para ir o mais rapido possivel. Agora eu acho que ultrapassei todos os limites possiveis da loucura! Se é que existe um limite. Jogo o dinheiro no banco da frente do taxi e entro correndo na lanchonete. Kate levanta e faz sinal assim que me ve.
- Que bom que chegou! Eu estava aflita aqui! - Ela me abraça. - Porque esta usando essa roupa? - Ok, estou estranha, eu sei.
- Porque foi a primeira coisa que eu vi no banheiro. - Ela ri.
- Esta fugindo de quem, Ana?
- Aconteceu uma coisa muito estranha.
- O que?
- Eu e Jose... nós transamos! - Ela encosta na cadeira.
- Tabom... isso não é estranho, vocês são casados e ele pode ter os defeitos, mas é atraente, da para o gasto...
- Não, Kate! Voce nao entendeu... eu só transei com ele porque eu achei que... achei que era o Cristian. - Ela da um grito.
- Eu sabia! Idealizar um homem e transar com outro. Já fiz varias vezes... só que no meu caso idealizei o Aston Kutcher. - Ela ri.
- Kate, nao tem graça. Eu o vi! Não foi apenas idelizar, eu o vi! Ele estava ali, na minha frente... Não sei mais o que fazer!
- Calma... calma! Voce ligou para ele?
- Não! Acabei de fugir da minha propria casa! Como eu iria olhar para o José e falar, me desculpe, mas só transei com voce porque estava pensando em outro!
- Talvez fosse o certo...
- Voce sabe que não posso fazer isso.
- É mais talvez você devesse. Ana, eu acho que com José já acabou, amiga.
- Eu fiz meus votos de casamento, Kate. Eu e Jose já passamos por muita coisa juntos.
- É, mas isso já foi! Não tem mais amor, Ana. Você precisa se libertar! E não estou falando isso pelo Grey, mas por você mesma.