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Jogo Perigoso. Cap 14







- Eu esterei pronta, Senhor Grey. - Respondo com arrogancia.
- Assim é melhor. - Ele da meio sorriso e sai da sala, me deixando sozinha com meus pensamentos e medos.
Como esse homem se atreve a me fazer ameaças? Como se eu fosse um brinquedo ou algo do tipo. É isso, só pode ser, ele é um daqueles tipos que gosta de perigoso, de desafio, é um viciado em adrenalina.
- Senhorita Steele, podemos conversar? - Tudo o que eu não preciso agora é de uma lição de moral do Senhor Harrison.
- Sim, claro. - Ele se acomoda na cadeira.
- Bom, eu não vou demorar muito. Eu só queria dizer que eu respeito muito voce desde o dia que começou a trabalhar conosco, mas eu não posso permitir assuntos pessoais tratados aqui
- Eu sei, Senhor Harrison. Você esta absolutamente certo.
- Entenda, eu passei por um constrangimento terrivel na frente do Senhor Grey. - Claro, temos que manter a completa ordem na frente dele.
- Sim, eu sei. Peço desculpas mais uma vez. Eu não sei porque José trouxe esse assunto aqui, eu prometo que não vai ter proxima vez.
- Tem razão, não vai. Anastasia é sobre isso que eu queria falar com você. Você sabe que a SIP presa por todos os seus funcionários e nós só temos a gradecer você por tudo o que tem feito.
- Eu sei muito bem disso, trabalho aqui a tanto tempo.
- Por trabalhar aqui tanto tempo você sabe que nós temos um comportamento bem rigoroso quando se trata de tratamento com pessoas de fora. A forma como voce falou com o Senhor Grey foi intoleravel...
- Senhor Harrison, me escute. Esse homem não pode estar interessado na SIP apenas porque acha o mercado editorial atraente, mas sim por outras coisas.
- Seja clara. - Eu não posso dizer a ele o que eu estou pensando.
- Eu acho que as intenções dele são boas.
- Ninguem aqui é pago para achar, Senhorita Steele. Se voce esta achando que o Senhor Grey tem outros tipos de intenções guarde para si mesma ou então é melhor você deixar o cargo.
- Senhor... Eu não posso sair, não agora!
- Anastasia, acontece que você não esta me dando alternativas.
- O Senhor é quem não esta me dando! Eu peço desculpas por tudo o que houve aqui, até mesmo por ter me alterado com o Senhor Grey, mas por favor, não me mande embora. Eu preciso do emprego.
- Em consideração a todas as coisas que voce fez eu vou deixar passar, mas tenha a consciencia de que vamos marcar outra reuniao com o Senhor Grey e voce vai participar e dizer tudo o que tem que dizer.
- Certo, eu vou tentar me controlar.
- Acho que para um tipo de pessoa como você não vai ter problemas em pagar isso com outros favores. - Ele ri. - Claro, isso se voce não quiser colaborar. - Será que eu ouvi bem.
- Desculpe, não entendi.
- Eu já fui ao clube aonde voce dança. - Porra! Só pode ser piada. Estou completamente congelada. Eu nunca o vi lá.
- O que o Senhor disse? - Não consigo acreditar.
- De todas as mulheres daqui voce é a unica que eu não imaginava que poderia fazer isso.
- Olha, Senhor Harrison, o Senhor deve estar me confundindo com alguem...
- Não... esses olhos. Eu jamais me confundiria. Não se preocupe querida, tudo vai ficar bem. Eu prometo que eu vou oferecer bem mais do que qualquer outro. Eu sempre achei você muito atraente com essa pose de profissional, mas sei que no fundo você é uma putinha safada. - Meu Deus! Eu devo ter dormido e acordado no inferno. Esse homem nunca me enganou. Estou com raiva, mas com um misto de nojo dele e de mim mesma.
- Por favor, saia daqui. - Eu digo.
- Posso esperar voce em um hotel aqui por perto. Não é muito luxuoso, mas é melhor do que voce esta acostumada. - Não quero chorar, não quero chorar.
- Saia daqui, antes que isso fique pior. - Ele sorri e coloca o seu cartao em cima da mesa.
- Não se preocupe, se for bom, eu indico você para os outros socios. - Velho nojento! Estou com tanta raiva que mal consigo levantar da cadeira. Permaneço sentada ali, enquanto vejo ele saindo sala. Assim que fico sozinha eu desmonto completamente. Não sei se vou conseguir ficar trabalhando aqui, não depois de tudo o que eu ouvi.
- Kate. - A unica pessoa para quem eu posso ligar. Minhas maos estao tremendo, mal consigo segurar o celular.
- Ana? Esta tudo bem?
- Acha que pode vir até a SIP?
- Voce esta chorando?
- Não consigo mais, Kate. - É como se meu coração fosse explodir, minha garganta queima.
- Calma, eu estou indo. Estou perto, tenha calma.
- Estou esperando. - Ela desliga. Me aproximo da porta e tranco. Não quero ouvir ninguem e nem falar com ninguem. Como eu nunca notei que esse homem ia na boate? Eu nunca o vi lá... E pensar que ele é casado, isso me deixa ainda mais enjoada.
- Senhorita Steele? - Hanna bate na porta. - A Senhorita Kate esta aqui. - Corro para abrir a porta.
- Obrigada, Hanna. - Assim que a vejo, a puxo para dentro e abraço.
- Ana, amiga, o que foi? - Não consigo parar de chorar e lembrar todas as coisas horriveis que aquele homem me disse.
- Kate... aconteceu uma coisa horrivel.
- Venha, sente-se aqui. - Nos sentamos no sofá.
- Lembra do Senhor Harrison?
- Sim, aquele homem sem vergonha, claro.
- Ele me assediou, Kate. Disse coisas horriveis, me tratou como uma prostituta.
- Canalha! Isso é um absurdo! Em que mundo estamos vivendo?
- José veio aqui, Kate. Cristian estava aqui... Foi horrivel!
- Meu Deus! Houve uma tragédia?
- Não, José nem desconfiou, mas vou ter que encontrar com o Cristian hoje.
- O que? - Ela levanta. - Ana, eu não vou deixar você fazer isso.
- Eu preciso, Kate. Se eu não for ele vai contar ao José e a minha situação ficará ainda pior.
- Eu sabia que ele era um chatagista barato! Algo me dizia que aquela pose de rico e bem sucedido era faxada. O que voce vai fazer? Vai continuar aqui?
- Eu não tenho opção, Kate. Agora estou sozinha, preciso de um emprego.
- Você ama ele não é mesmo?
- Eu odeio isso, odeio dizer isso. Só que eu não consigo negar que cada vez que ele aparece eu perco completamente a noção do tudo o que eu estou fazendo, eu fico... Só existe ele, entende? - Ela sorri.
- Eu entendo, Ana. Eu acho maravilhoso que esteja realmente sentindo isso, mas eu acho que ele não é uma pessoa boa.
- Não consigo ver nada através dele, Kate. Absolutamente nada. Ele é diferente, muito diferente.
- Que horas voce combinaram?
- Ele disse que o motorista vai passar me buscar. Eu devo isso a ele, isso é que é o pior.
- E o safado do Brad? Não deu mais as caras?
- Simplismente sumiu. Tentei inumeras vezes falar com ele e nada. É como se terra o tivesse engolido. - Estou pensando até em entrar em contato com o irmão dele. Ele pode ter alguma noticia.
- Eu falei com a professora de dança. Ela mandou um abraço e disse que as portas estaram sempre abertas quando você quiser voltar.
- Agora tudo fica pairando sobre a minha cabeça sabe. Fico pensando se tudo o que eu fiz valeu a pena.
- Não fique se culpando agora, Ana. Isso não vai ajudar. Eu vou dizer o que eu penso, voce deveria sair daqui. Tem outras editoras em Seatle, voce pode conseguir uma.
- Eu construi muita coisa aqui na SIP, Kate. Largar tudo agora é loucura.
- Eu tenho uma ideia! - Ela grita.
- Que ideia?
- Ana, é obvio! Voce nao me disse que ele quer comprar a SIP?
- Sim, mas eu não vejo o que isso tem haver...
- Como não, Ana? É isso que voce tem que fazer. Diga que voce aceita o pedido dele, com tanto que ele compre a SIP. - Estou rindo.
- Voce esta louca?
- Claro que não! Ele não tem o direito de impor as coisas para você. Ana, as vezes na vida, temos que fazer certas coisas se quisermos seguir em frente.
- Eu sei, mas é que chantagear um milionário nao estava nos meus planos de vida.
- Tudo isso que esta acontecendo nao estava nos seus planos, mas são as unicas armas que voce tem agora.
- Eu não quero fazer isso.
- É, eu sei. Só que se voce quiser ficar na SIP, vai ter que pedir isso a ele. E fora que, ele ja esta interessado em comprar. Voce só vai aprovar a compra. - Pensando por esse lado ela tem razão. Por mais que o Senhor Harrison odeie isso, ele precisa da minha aprovação para a compra.
- Certo, eu vou falar disso com ele.
- Ana... - Ela segura minhas mãos. - Prometa que se esse homem tentar qualquer coisa contra você, você não vai deixar de me falar.
- Eu prometo, Kate. Eu não sei ainda aonde vamos nos encontrar, ele disse que não será no apartamento dele.
- Local publico. Melhor ainda.



Já ensaiei o meu pedido no espelho milhoes de vezes. Encaro o celular mais uma vez e nada. Nenhuma mensagem dele falando sobre o horario. Eu não consigo tirar da minha cabeça tudo o que aquele homem me disse, tudo fica se repetindo e repetindo diversas vezes.
- Ana. - Ela entra no quarto. Vou ter que ficar morando com a Kate pelo menos até encontrar um lugar. - Acho que o motorista chegou.
- Chegou? Ele nem sequer mandou uma mensagem avisando. - Vamos até a janela para verificar.
- Sim, é o Taylor. - Eu digo. - Me deseje sorte. - Ela me abraça.
- Sempre, minha amiga.

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