Jogo Perigoso. Cap 15

Já ensaiei o meu pedido no espelho milhoes de vezes. Encaro o celular mais uma vez e nada. Nenhuma mensagem dele falando sobre o horario. Eu não consigo tirar da minha cabeça tudo o que aquele homem me disse, tudo fica se repetindo e repetindo diversas vezes.
- Ana. - Ela entra no quarto. Vou ter que ficar morando com a Kate pelo menos até encontrar um lugar. - Acho que o motorista chegou.
- Chegou? Ele nem sequer mandou uma mensagem avisando. - Vamos até a janela para verificar.
- Sim, é o Taylor. - Eu digo. - Me deseje sorte. - Ela me abraça.
- Sempre, minha amiga. Me ligue se precisar.
- Eu ligo, mas espero não precisar.
Assim que me aproximo do carro, Taylor esta prontamente apostos do lado de fora, abrindo a porta para mim.
- Senhorita Steele, boa noite.
- Boa noite, Taylor. - Ele não diz absolutamente nada. Cristian nao esta no carro.
- Taylor, me perdoe, mas para onde vamos?
- Space Needle Sky City, Senhorita. - Um dos mais procurados, isso se não for o mais procurado, restaurante de Seatle. Tem uma vista fantástica da cidade, além de ser o mais procurado pelos turistas. Eu nunca fui, mas uma vez um carinha levou Kate para jantar, foi uma experiencia não muito boa.
- O Senhor Grey está la?
- Sim, ele esta esperando no local. - Será que eu estou vestida apropriadamente para a ocasião? Coloquei um vestido azul royal que emprestei da Kate.
- Dizem que é muito bonito. - Tento puxar assunto.
- Nunca estive lá, Senhorita. - Não adianta, ele é como um robo. Só responde ao que eu pergunto. Olho para a tele do celular e vejo que José esta me ligando. O que mais ele pode querer?
- O que voce quer? - Eu digo.
- Quero saber se podemos sair e quem sabe conversar sobre tudo.
- José. - Falo baixinho e observo se Taylor não esta ouvindo. - Não sei como tem coragem de me ligar depois de ter aparecido no meu emprego!
- E o que voce queria que eu fizesse? Você não atende minhas ligações.
- Tenhos meus motivos. Se eu nao estou atendendo, entao voce nao deveria ligar!
- Fiz o que eu fiz porque estava com raiva de você. Você me fez de idiota!
- José, não posso falar agora. - Desligo.
- Senhorita, esta tudo bem? - Ele pergunta, me olhando pelo espelho retrovisor.
- Sim... esta tudo bem, obrigada.

Assim que chego no salão, um jovem bem vestido vem em minha direção.
- Boa noite, Senhorita.
- Boa noite, o Senhor Grey, por favor.
- Senhor Grey? - Ele sorri. - Claro! Venha comigo, por favor. - Por mais que eu procure não estou vendo ele em lugar algum. Eu o sigo até passarmos uma cortina enorme, preta, mas com uma transparencia sexy. Eu o vejo sentado em uma mesa proxima a enorme parede de vidro. Meu coração dispara.
- Senhor Grey, sua convidada.
- Obrigado. - Ele diz ao rapaz. Me olha por alguns segundos com seu sorriso misterioso.
- Gostariam de alguma coisa para beber?
- Por enquanto não, obrigado. - Porque ele não pode ser um pouco mais simpático com as pessoas?
- Simpatia não é paga. - Sua fisionomia é confusa.
- Tenho certeza de que não viemos aqui discutir qualidades e defeitos. - Não pensei que me sentiria tão nervosa.
- Bom, eu vou direto ao ponto. Você considerou a proposta?
- Sim, eu aceito. - Ele sorri.
- Fez a escolha certa. Nós precisamos rever os termos nesse caso.
- Termos?
- Primeiro termo, tudo o que falarmos aqui não poderá sair daqui.
- Porque acha que eu...
- Segundo. - Ele não me deixa falar. - Você estará a minha disposição sempre que eu quiser.
- Espere um pouco, Senhor Grey. Você não esta me deixando argumentar. - Ele esta se divertindo com tudo isso, eu sei.
- Pois não. - Ele diz.
- Eu não vou dizer a ninguem, quanto a isso não terá nenhum problema e tambem...
- O que houve com o seu casamento? - Ele me surpreende com a pergunta.
- Acho que isso não esta em pauta.
- Não quero ser o motivo de nada disso. Quero que voce entenda que isso é absolutamente...
- Profissional. Eu sei disso, Senhor Grey. Não se sinta tão importante assim. - Ele quer jogar, vamos jogar.
- Só queria deixar claro, só isso.
- Você esta impondo suas condições, eu tambem quero impor as minhas. - É agora, Anastasia.
- Condições? - Ele faz sinal para que o garçom se aproxime. - Sim, Senhor.
- Um garrafa do Chateau Larcis-Ducasse Saint-Émilion, por favor. - Fico observando seus labios enquanto ele fala.
- Mais alguma coisa, Senhor Grey? - Ei, eu estou aqui! Porque ele não pergunta nada para mim? É como se eu não estivesse aqui.
- Não. - Ele responde.
- Bom, eu gostaria de falar sobre as minhas condições. - Ele passa a mao devagar no queixo.
- Vamos lá. Me fale sobre suas condições.
- Quero que voce compre a SIP. - Eu percebo que ele ficou impressionado, mas não quer demonstrar.
- Ok. Você quer que eu compre a SIP?
- Isso mesmo. - Ele sorri.
- Estava muito relutante em relação a isso.
- Eu sei, mas é que... agora parece a melhor opção.
- Porque?
- Como porque? Você não estava interessado no mercado editorial?
- Não sabia que isso seria um jantar de negócios. - Estamos como cão e gato. Um quer encurralar mais o outro.
- Você está interessado ou não, Senhor Grey?
- Uma compra não pode ser efetuada assim da noite para o dia. Primeiro, preciso dos motivos pelos quais voce ficou tão interessada, depois...
- Porque aquele lugar é a minha vida. - Droga! Chorar não! Chorar não! Minha voz esta embargada e eu não posso conter. - Eu lutei muito para chegar aonde eu estou na SIP e não vou deixar que ninguem me obrigue a sair.
- Alguem obrigou você a sair?
- Cristian...
- Anastasia, diga. Apenas responda o que eu perguntei.
- Não é nada que você precise se importar.
- Não vou fazer isso se você não me contar o que houve.
- Com licença, Senhor. O seu vinho.
- Obrigado. - Ele responde. O jovem se retira imediatamente, ainda fingindo que eu nao estou aqui.
- Vinho? - Ele pergunta.
- Agora não, obrigada. - Ele se serve de uma taça.
- Estou esperando a resposta.
- O Senhor Harrison... ele foi rude comigo hoje e eu não gostei.
- Porque eu tenho a sensação de que não é só isso.
- Ele ja me viu dançando, Cristian. Eu não quero nem repetir as coisas que ele me disse.
- Por favor, repita. - Ele diz lentamente. A sua expressao esta séria e eu diria até que está com raiva. Raiva? Porque ele teria raiva?