Jogo Perigoso. Cap 39

O sumiço de Leila ainda está me assustando. Porque ela iria sumir assim sem mais nem menos? Eu fico pensando se Cristian teria feito alguma oferta da qual ela não pode recusar. Procuro pensar que isso não aconteceu. Tudo o que eu quero agora é que minha mãe chegue. Por mais que nós filhos imploramos pela liberdade, a verdade é que quando qualquer problema nos afeta precisamos de nossas mães.
- Com licença. Vi que seu marido saiu e só passei para falar Boa Noite.
- Ele foi buscar algumas coisas que eu estou precisando. Eu peço desculpas mais uma vez por qualquer coisa que o Cristian tenha feito.
- Não se preocupe. Eu entendo a preocupação dele em proteger você. Apesar de achar um tanto quanto exagerado. – Ele sorri.
- Ele é assim mesmo. – Nesse quesito eu não tenho mesmo como defender.
- Eu estou indo embora agora e só passei mesmo para dizer que pode me ligar se precisar de qualquer coisa. – Eu espero de verdade que ele use essa gentileza com todas as pacientes.
- Eu vou ficar bem Doutor.
- Por favor, me chame de Steve.
- Eu... Eu não sei se vou ficar muito a vontade chamando você de você. Se é que me entende. – Ele ri.
- Eu sei disso, mas tente se esforçar Ana. Senão vou ter que chama-la de Senhora Grey. – Acho que não combina comigo.
- Certo, vou tentar.
- Você é uma pessoa muito especial para mim Ana. – Meu Deus, porque será que ele insiste nisso? Eu não sei mais como eu devo me esquivar dele. Não sei mais o que dizer.
- Obrigada.
- Alias, tem uma amiga sua que está ai fora. – Amiga? Kate com toda a certeza.
- Kate.
- Bom, ela não disse o nome. Posso mandar entrar?
- Por favor. – Vai ser bom falar com ela sobre isso. Kate sempre sabe o que dizer nessas situações.
- Até mais Anastásia.
- Até mais Doutor, quero dizer Steve. – Nem em sonho vou poder fazer isso perto do Cristian.
- Oi Ana. – Eu não posso acreditar no que os meus olhos estão vendo. É ela. Leila. Bem aqui na minha frente. Estou vulnerável, completamente desprotegida. Estou a mercê dela.
- O que você pensa que está fazendo aqui?
- Eu fiquei sabendo que você não estava bem então resolvi vir.
- Eu não preciso de você aqui Leila. Cristian vai chegar a qualquer momento e eu não acho que seja uma boa ideia ele te encontrar aqui.
- Eu não me importo de correr o risco.
- Você está ficando maluca? Eu não quero nada com você, nem mesmo como sua amiga. Então pela ultima vez, me deixe em paz!
- Calma.  – Ela senta na beirada da cama. –Você não deveria ficar assim tão assustada. A enfermeira me disse que você não estava bem.
- Leila, eu já disse que Cristian vai chegar a qualquer momento...
- Ele não vai chegar! – Ela altera a voz. – Eu já cuidei para que ele demore um pouco. Tempo o suficiente. – Ele afasta minha mãe da campainha. – Eu só quero falar com você e quero que você me escute.
- O que você quer? O que fez com o Cristian? – Ele ri.
- Eu? Eu não fiz nada. Mas posso fazer.
- Como assim?
- Ana, eu sei que já fiz essa proposta e você não aceitou, mas eu insisto. Nós duas podemos acabar com o Cristian e ainda ficar com todo o dinheiro dele. Eu não tenho mais essa oportunidade, mas você tem. Cristian está apaixonada por você e vai fazer de tudo.
- Você não está vendo que eu estou doente? – Ela passa a mão em meu rosto.
- Eu vou cuidar de você. Não precisa se preocupar com isso.
- Leila, porque você está fazendo isso?
- Porque eu te amo.
- Não, você não me ama. Não pode amar.
- Não sabia que era preconceituosa.
- Não estou falando de preconceito Leila. Eu sou a favor de todas as formas de amor, mas é que eu não posso corresponder você. Nunca vou poder. Eu amo o Cristian e isso nunca vai mudar.
- Eu não vou desistir de você Anastásia. Quero que isso fique bem claro. – Ela se aproxima e prende meus dois braços. – Eu não vou desistir, não importa o quanto você me esnobe o quanto fique longe de mim. – Meu coração está disparado.
- Leila! Solte-me agora!  - Seus olhos são de alguém que já dorme faz alguns dias. Eu estou com medo. Ela me solta bruscamente.
- Pense em tudo o que eu te disse. Muitas pessoas podem se machucar se você tomar uma decisão errada. Inclusive se contar ao Cristian que eu estive aqui.
- Leila, por favor, me deixe em paz.
- Eu jamais faria nada contra você. Só com quem tentar separar você de mim. Logo estaremos juntas. E vamos poder nos casar e fazer tudo o que sempre sonhamos. – Ela está completamente louca.
- Eu imploro, vai embora!
- Eu vou voltar para saber como você está. – Ela se aproxima e beija minha testa. Assim que ela sai eu desmorono. Tudo está caindo em cima de mim e eu não posso fazer absolutamente nada para impedir. Essa mulher está completamente fora de si. Ela não vai desistir de me separar das pessoas que eu amo.
- Senhorita Steele, eu vim tirar a sua pressão... Está tudo bem? A Senhorita esta pálida.
- Eu, eu não sei...  – Ela se aproxima do aparelho que está monitorando meus batimentos.
- Seus batimentos estão muito rápidos.
- Ana? – Cristian entra. – Está tudo bem?
- Só estou um pouco nervosa.
- Acho melhor interrompemos as visitas nesse momento.
- Visitas? – Cristian me olha. – Quem esteve aqui?
- Uma amiga da Senhorita acabou de sair daqui.
- Eu não encontrei com ninguém lá fora. Quem veio aqui Ana? – Eu estou paralisada. Sinto o suor escorrer pelo canto do meu rosto.
- Ana? Ela não diz nada!
- Calma Senhor Grey. Vou aplicar um remédio no soro, isso vai fazer com que ela se acalme.
- Ana. – Ele beija minha mãe. – Quem veio aqui?
- Senhor Grey, agora o Senhor vai ter que sair.
- Eu só preciso de mais alguns minutos.
- Tudo bem, mas não a deixe nervosa. – Assim que a enfermeira sai ele se aproxima.
- Ana, quem esteve aqui? Você precisa me dizer.
- Ela não vai nos deixar em paz, ela vai fazer alguma coisa com você, com a minha família... Eu tenho que sair.
- Ei, ei! Você não pode sair daqui. Foi a Leila não foi? Aquela mulher teve a coragem! Agora eu entendi.
- O que aconteceu?
- Quando eu estava saindo de casa a Senhora Jones me disse que eu havia recebido uma ligação importante. Disse que minha irmã Mia precisava de mim. Eu tentei ligar várias vezes, mas não consegui. Isso fez com que eu perdesse um tempo.
- Cristian, não vou conseguir suportar isso com aquela mulher nos ameaçando por ai.
- Não se preocupe. Ela não vai mais incomodar. Eu vou colocar segurança nesse prédio todo. Nem que eu tenha que dormir nessa porta dia e noite. O que ela disse?
- Eu não quero falar disso agora. Eu quero apenas que você fique aqui. – Meus olhos estão quase fechando.
- Eu não posso ficar você ouviu a médica.
- Desde quando você faz o que lhe pedem? – Ele sorri.
- Isso é verdade. Acho que posso quebrar as regras nesse caso.