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Jogo Perigoso. Cap 49







Essas palavras confortam o meu coração. É como se a doença já não importasse tanto, como se todas as outras coisas que já aconteceram não importassem. Eu o quero de qualquer jeito, mesmo sabendo que as coisas não vão ser tão fáceis. 
— Eu preciso ir.
— Ana, me prometa que você não vai fazer nenhuma besteira.
— Eu prometo, mas só se você não sair com aquela mulher. — Ele sorri.
— Eu prometo. Agora vai, estão te esperando. — É difícil deixa-lo quando na verdade o que eu quero é ficar desesperadamente.
No caminho permaneço calada. Estou feliz por ter conversado com ele, apesar de as coisas terem saído um pouco do controle.
— Você está bem?
— Você não precisava ter ido me buscar, eu sei muito bem porque fui até lá.
— Acho que você não tem ideia de que está em tratamento e é uma situação delicada.
— Olha, eu agradeço você por ficar comigo, por estar cuidando do meu tratamento, mas isso não te da nenhum direito sobre mim. Entenda, eu amo o Cristian e isso nunca vai mudar.
— As suas escolhas de vida pessoal não dizem respeito a mim. Se você o ama então pelo menos faça o tratamento por ele. Agora não fique bancando a mulher maravilha porque isso não vai te ajudar entendeu? — Realmente ele pensou que eu iria sair daquele prédio dizendo que eu o amava? Que eu estava feliz por ele ter ido me salvar? Francamente!
— Garota, quer me explicar porque você fugiu daquele jeito?
— Para salvar meu relacionamento. É uma boa resposta? — Ela ri.
— Você não pode se arriscar desse jeito. Você está com febre e isso não é um bom sinal. Deixe eu colocar o seu cabelo assim para eu...
— Aconteceu alguma coisa? — Quando eu olho para sua mão eu vejo a mecha de cabelo. Um silencio absoluto toma conta da sala. Ela não diz nada, provavelmente com medo de me magoar, ou talvez esteja pensando em alguma coisa que faça com que eu me sinta melhor. Como se isso resolvesse.
— Eu realmente não quero diminuir o que você deve estar sentindo nesse momento.  Você sabia que iria passar por esse processo. Eu posso te dar um conselho?
— Claro.
— Seria melhor se você cortasse de uma vez. Ajuda a diminuir a dor de passar por esse processo, você sabe de cair mecha por mecha.
— Você tem razão, para que adiar uma coisa que vai acabar acontecendo. Você pode ver quem faça isso por favor?
— Claro, querida. Eu vejo isso, mas agora com essa medicação, provavelmente você vai dormir até amanhã.
— Por favor, pode providenciar isso para amanhã bem cedo?
— Sim, mas logo as oito você tem uma sessão. Posso ver para depois disso, tudo bem?
— Claro, está ótimo. — Mais uma longa noite.

— Bom dia.
— Mãe? Você por aqui? Que horas são?
— São sete e meia. Daqui a pouco a enfermeira vem para nos levar para a sala de quimioterapia.
— A enfermeira me disse ontem.
— Como você dormiu?
— Você sabe que eu não durmo, só sou dopada pelos remédios.
— Eu fiquei sabendo sobre ontem.
— Mãe...
— Não acho que a sua relação com esse rapaz seja saudável.
— Eu amo o Cristian, mãe. Se tem alguém que é responsável por eu estar tentando sobreviver a tudo isso é ele. É por ele que eu estou lutando.
— Está errada de novo. Já conversamos sobre isso, você tem que lutar por si mesma.
— Mãe, eu acho que não há nada de errado em amar alguém assim.
— É errada você fugir do hospital para ir atrás desse rapaz! Você poderia ter piorado filha!
— Se realmente quer ficar do meu lado agora, vai ter que respeitar as minhas escolhas.
— Eu respeito as suas escolhas, Ana. Eu só não quero que você deposite todas as suas fichas nesse relacionamento e acabe mal. Apenas isso.
— Sei que você se preocupa mãe, mas acredite em mim...
— Bom dia, eu posso entrar?
— Cristian, achei que você não viria.
— Eu disse que viria assim que pudesse.
— Eu vou deixar vocês sozinhos, com licença.
— É impressão minha ou a sua mãe está evitando conversar comigo?
— Ela só está preocupada comigo, só isso.
— E você como está?
— Estou bem, mas daqui a pouco tenho que ir para a Quimioterapia.
— É para o seu bem, Ana. — Como vou contar a ele.
— Cristian, eu tenho que falar com você sobre uma coisa.
— O que houve?
— Ontem o meu cabelo... Eu realmente não sei como te dizer isso.
— Ana, confie em mim. Sabe que pode me dizer qualquer coisa.
— Meu cabelo começou a cair ontem. A enfermeira foi mexer no meu cabelo e enfim...
— Eu sei que isso vai ser difícil para você, mas é parte do processo Ana.
— A enfermeira me disse que será menos doloroso se eu...
— Amor, por favor, eu não quero ver você chorando. Você prometeu lembra?
— Como você vai olhar para mim se eu estiver dessa forma?
— Ana, não me apaixonei pelo seu cabelo, me apaixonei pela mulher maravilhosa que você é. Você é determinada, carinhosa, forte e ao mesmo tempo doce.
— Cristian, eu estou com medo.
— Eu também estou com medo, Ana. Mas eu vou estar aqui com você durante o tempo todo.
— Eu me sinto vulnerável, me sinto... horrível.
— Ei, você continua linda, sempre vai ser linda.
— Bom dia, Ana! Bom dia Senhor Grey.
— Bom dia, enfermeira.
— Vamos para a Quimioterapia?
— Mais tarde, mas eu trouxe o pessoal para cortar o cabelo. O que acha? E eu tenho aqui uma caixa com todos os tipos de lenço caso você não se sinta à vontade no início ok?
— Claro, tudo bem.
— Senhor Grey, podemos conversar um instante lá fora?
— Claro. Eu volto logo.
— Tudo bem.
— Anastásia, como você está se sentindo?
— Eu estou bem, obrigada.
— Se você realmente estiver pronta, nós podemos começar.
— Sim, eu estou pronta.
— Ótimo, então vamos começar.


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