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Jogo Perigoso. Cap 24









Eu nunca tinha entrado em um salão assim em toda a minha vida. É grande, eu diria muito grande, muito claro e impecável.
- Com licença, eu tenho hora marcada...
- Senhorita Steele?
- Sim, sou eu.
- Ótimo, venha comigo. Vou te levar até a Claire. – Não é um salão muito movimentado, provavelmente deve ser porque é muito caro.
- Claire, a Senhorita Steele.
- Que prazer conhece-la.
- O prazer é todo meu. – Ela toca o meu cabelo.
- Algum problema? – Eu pergunto.
- Pelo contrário, querida. Seu cabelo é espetacular! Nem precisa de muito. Bom, o que você vai querer fazer? – Ela me guia até uma das grandes cadeiras brancas.
- Eu não vim com nada em mente.
- Se você preferir podemos não mexer na cor...
- Acho que mudar um pouco seria bom. Afinal, eu nunca mudei.
- Nunca? – Ela me olha como se eu fosse de outro planeta.
- Não.
- Eu tenho algumas sugestões. – Ela anda ao meu redor, observando meu cabelo. – Algumas luzes talvez.
- Só não quero cortar, tudo bem?
- Aqui será tudo como você quiser Senhorita.
Esta é uma coisa que eu não estou muito acostumada a ouvir. O que mais me incomoda nisso tudo é o fato de não ter ido ao trabalho hoje. Eu não gosto de ser uma pessoa dependente de outra, eu lembro quando José queria que eu largasse o emprego e ficasse cuidando da casa. Não vou dizer que desprezo quem tem essa vida, mas eu não sou assim. Eu sou feliz quando estou trabalhando, quando eu posso ser eu mesma.
- O que você achou? – Ela vira minha cadeira. Meu Deus! O que um salão não faz na vida de uma mulher? Me sinto diferente, me sinto poderosa...
- Eu achei incrível!
- Que bom que você gostou! Mais uma cliente devidamente satisfeita.
- Posso fazer uma pergunta?
- Claro que sim.
- Por um acaso, vinha aqui uma moça chamada Leila? – Ela sorri.
- Desculpe, é que por nome assim fica meio complicado. Recebemos muitas pessoas aqui.
- Claro, eu compreendo.
- Como ela é?
- Mais ou menos da minha altura, cabelo um pouco mais curto, só que da mesma cor do meu. Ela é bem mais branca do que eu também...
- Acho que você está falando da Senhorita Willians. Eu tenho uma foto. – Ela se aproxima de uma gaveta, pega uma foto e me entrega. –É essa? – É ela, está abraçada com a Claire.
- Sim, é ela.
- Ela sumiu. Nunca mais voltou aqui. Nós conversávamos bastante, ela vinha toda a semana. Você a conhece?
- Não... Alias só de vista. Comentaram comigo que ela costumava vir aqui.
Tudo isso me faz lembrar a conversa que eu tive com a Leila. Estou morrendo de medo, não quero que ela volte a me procurar, mas não sei se tenho muito como fugir.
- Senhorita Steele, foi um prazer. Esperamos você sempre que quiser.
- Muito obrigada pelo atendimento. – Agora preciso saber o que vou fazer com relação a mudar de apartamento. No fundo eu estou muito chateada com a Kate, eu sei que o apartamento é dela e é claro que ela tem direito de decidir quem fica e quem sai. Só que eu sou a melhor amiga dela desde que me entendo por gente. Sempre fizemos tudo juntas, quando eu larguei do José ela me apoiou totalmente e agora... Uma mensagem.



Arrume todas as suas coisas e fique pronta.
Taylor vai leva-la até o novo apartamento.


Novo apartamento? Como assim? Eu vou me mudar para o apartamento que sempre foi meu, isso é meu direito. Ainda mais agora que o José resolveu, não sei ainda por qual motivo, abrir mão de tudo. Agora ele vai ter que me ouvir.
- Grey.
- Sou eu, Anastásia. – Meu coração vai saltar pela boca.
- Que número é esse?
- O fato é, que novo apartamento é esse de que você fala na mensagem?
- O seu novo apartamento. Fica no bairro Ravenna, você vai adorar...
- Eu não quero esse apartamento. Eu já disse a você que...
- Não vou discutir com você, Anastásia. Nem sei quantas cláusulas você já violou somente nessa ligação. Arrume suas coisas, Taylor vai leva-la.
- Cris... – Ele desliga. Que ódio! Como vou me mudar para um apartamento que eu nem conheci antes? Vindo dele será um escândalo!

Assim que entro pela porta, já me deparo com a Kate. Eu não estou preparada para outro confronto como aquele, não aqui, não agora.
- Mudou o cabelo. – Ela diz.
-Sim... Eu resolvi mudar um pouco.
- Ana, eu não quero ser chata e nem nada desse tipo, mas você já conseguiu um lugar? – Respiro fundo.
- Na verdade sim, eu consegui. Vou arrumar as minhas coisas agora mesmo.
- Ana. – Ela segura meu braço.
- Kate, não precisa se justificar e nem nada desse tipo. O apartamento é seu, você tem diretos sobre ele.
- Eu não queria que as coisas fossem assim, mas eu não quero perder a sua amizade.
- Eu só quero saber o real motivo, só isso.
- Não estou de acordo com algumas coisas, não quero me meter na sua vida como eu já disse, só que se você continuar aqui isso vai acontecer. Para evitar tudo isso, é melhor que você vá embora.
- Eu não entendo com o que você não está concordando, Kate.
- Primeiro o fato de você ter mentido para mim sobre todas aquelas roupas, sapatos e sabe lá mais o que. Eu sei que você não quer me dizer o que está acontecendo. Eu sei que tudo isso deve ser por conta do Cristian.
- Kate, eu realmente não queria falar sobre isso.
- Eu sei que não quer, e eu estou começando a achar que foi uma péssima ideia dizer para você fazer aquela proposta. Ana, se esse homem tiver te chantageando de qualquer maneira...
- Ele não está. Acredite, está tudo bem comigo.
- Aonde você conseguiu o apartamento?
- Bairro Ravenna.
- Um dos melhores, eu prefiro não perguntar como você conseguiu isso. Se precisar de ajuda para arrumar as suas coisas...
- Não, por favor. Eu posso arrumar sozinha, obrigada.
Nunca pensei que chegaria nesse ponto com a Kate. Sinto como se nós não fossemos mais amigas. Ela reprova tudo o que eu digo, não consegue mais conversar. Pode ser que esse tempo sozinha nesse apartamento seja bom, vou poder colocar as ideias em ordens, pensar um pouco melhor nas coisas, chegou em boa hora.
- E essa é a ultima. – Coloco a última mala na sala.
- Posso levar Senhorita Steele?
- Por favor, Taylor. – Kate apenas observa.
- É o motorista do Cristian?
- Sim. – Eu digo. Ela me abraça.
- Me desculpe Ana.
- Não peça desculpas, está tudo bem. Vamos continuar nos falando, e quando eu estiver devidamente instalada, eu vou convidar você para tomar um chá. – Ela ri.
- É bom mesmo. Se precisar de qualquer coisa me avise.
- Pode deixar.
Estava me lembrando de que quando sai do apartamento em que morava com o José, deixei a maioria das minhas coisas lá e acabei não pegando nada.
- Taylor, o Senhor Grey estará nos esperando?
- O Senhor Grey não está na cidade, Senhorita. Motivos de trabalho.
- Entendi. – Ele nem me avisou.
- Está precisando de alguma coisa?
- Não, eu só queria saber mesmo. Obrigada.
- Disponha Senhorita.
Todas as casas desse bairro são tão grandes e parecem tão aconchegantes. Crianças e adultos caminham pelas ruas com muita naturalidade.
- Nossa, as pessoas aqui são bem ativas quando se trata de exercícios. – Eu digo.
- O bairro aqui é bem seguro. – Geralmente ele nem fala, vou levar isso com uma vitória.
- Chegamos Senhorita Steele. – O prédio não é muito alto, deve ter cerca de uns vinte andares. Ele me ajuda a levar as malas para a recepção.
- Senhorita Steele! – Um homem alto e grisalho corre em minha direção.
- Olá. – Eu digo.
- É um prazer recebe-la aqui, espero que tudo esteja do seu agrado.
- Está tudo ótimo, não se preocupe.
- Gostaria de beber alguma coisa?
- Não, eu estou bem, obrigada.
- Deve estar cansada da viagem, o seu motorista pode levar as malas? – Viagem? Nem foi tanto tempo assim.
- Na verdade, eu estou muito bem. Eu preciso assinar ou fazer alguma coisa? – Ele ri.
- Imagina, já está tudo certo. Só precisa subir e aproveitar.
- Qual é o meu andar?
- Presidencial, o ultimo, Senhorita. – Presidencial? Ultimo andar? Deve ser como o escala.
- Obrigada.
Não vou mentir, eu seria completamente hipócrita se dissesse que estou odiando essa vida. Todo lugar que eu chego às pessoas estendem um tapete vermelho para que eu possa passar, é uma coisa que nunca tinha acontecido antes. Meu cargo na SIP sempre foi bom, mas nunca ganhei o suficiente para tais luxos.
- Ual! – Digo assim que entro pela porta. – Isso é...
- Senhorita precisa de mais alguma coisa?
- Não, Taylor. Eu estou bem.
- Com licença. – Uma mulher uniformizada está parada ao lado da porta.
- Sim?
- Senhorita Steele, eu vim arrumar as suas coisas.
- Perdão? Eu não pedi nenhum serviço, me desculpe...
- Sou sua Personal Organizer. – Só faltava essa.
- Minha Personal... – Estou chocada demais para falar.
- Sim, Senhorita. Se não se incomoda, eu gostaria de começar agora mesmo.
- Eu posso fazer isso sem nenhum problema.
- São da Gucci? – Ela aponta para alguns vestidos que ainda estão dentro das capas. Na casa da Kate eu não tinha espaço para trazer e eu não queria arrumar dentro da mala.
- Sim. – Eu respondo.
- Sem querer ofender a Senhorita de maneira nenhuma, eu sei como posso posiciona-los no lugar correto. Pode não parecer, mas essas roupas não devem ser guardadas de qualquer jeito. Mantê-las no dia a dia também não será fácil.
- Tudo bem, me desculpe. Apenas me diga o seu nome.
- Carol.
- Ok, Carol. Fique a vontade, são todas essas malas.
- Sim, Senhorita.
- Senhorita, sem querer atrapalhar, mas eu preciso voltar para a residência do Senhor Grey.
- Claro, Taylor, eu já estou bem. Muito Obrigado.
Fico admirando aquele apartamento magnifico e pensando o que eu fiz para ter tudo isso? Eu não trabalhei dura, eu não me esforçei em absolutamente nada! Eu apenas ganhei esse apartamento do dia para a noite, como em um passe de mágica. Agora sim eu posso trazer a minha mãe, se bem que eu acho que não é uma boa ideia. Ela não vai simplismente acreditar que eu consegui isso com o trabalho ma SIP.
- Hanna? Sou eu, a Senhorita Steele.
- Senhorita Steele? - Ela parece surpresa.
- Como estão as coisas por ai?
- Está tudo otimo, Senhorita. Não se preocupe, o Senhor Grey disse que a Senhorita iria precisar de afastar um pouco. - O que?
- Ele disse?
- Sim, fomos informados hoje mesmo. Mas já tem uma equipe aqui cuidando de tudo, fique tranquila.
- Ah sim, claro. Hanna, eu preciso desligar.
- Tudo bem, Senhorita.
- Obrigada.
- Até mais.
Me afastar? Como assim me afastar? Ele ficou louco? Não pode interferir assim na minha carreira! Ele disse que eu iria tomar conta da SIP. Eu vou tirar essa história a limpo e vai ser agora.

Estaciono o carro em frente a Grey Interprises. Meu coraçao esta gelado e minha barriga esta revirando. Visto meus óculos escuros e entro no prédio. Provavelmente é no ultimo andar.
Assim que a porta do elevador se abre, uma moça loira levanta prontamente para me atender.
- Posso ajudar?
- O Senhor Grey está?
- O Senhor Grey acabou de chegar de um compromisso fora da cidade e não está recebendo ninguem. Apenas duas pessoas de uma reuniao que ja estava marcada.
- Ah não? - Eu estou rindo.
- Sim, eu sinto muito.
- Aonde fica a sala dele?
- É por ali Senhorita.
- Obrigada. - Pego minha bolsa e vou em direção a sala dele. Ela vem gritando comigo, enquanto eu abro todas as portas.
- Espere, Senhorita! - Assim que eu abro a ultima porta, lá esta ele.
- Precisamos conversar. - Ao lado dele estão uma mulher morena e um homem muito jovem. Eles me olham sem entender absolutamente nada.
- Senhor Grey, eu... - Ela tenta se desculpar de inumeras maneiras.
- Por favor, podem me deixar falar com a Senhorita? - Eles levantam rapidamente e saem da sala. Agora estamos sozinhos. Eu e ele.
- O que pensa que esta fazendo? - Ele diz.
- O que você pensa que esta fazendo! Como você diz que eu vou me afastar do meu emprego sem me consultar?
- Porque eu não quero que você continue la.
- Não quer? - Eu estou rindo. - Quem você pensa que é para fazer isso?
- Você sabe quem eu sou.
- Sei! Sei muito bem, você é um idiota! - Ele ri.
- Idiota?
- Sim! Acha que pode me dar ordens?
- E eu posso. - Ele tira a correntinha que eu lhe dei do bolso. É como um tapa na minha cara. - Você ja esqueceu? Ou a sua palavra vale tão pouco dessa maneira? - Eu não consigo dizer nada, absolutamente nada. Ele se aproxima de mim.
- O que eu devo fazer com você? - Eu quero gritar, quero sair, mas não posso. Ele tem razão. Eu quis isso.
- Eu queria foder você aqui mesmo, sabia?
- Porque você fez isso?
- Você não iria querer continuar lá. Se você faz tanta questao, trabalhe do apartamento.
- Mas é que...
- Eu preciso trabalhar. Alem disso, tenho que pensar como vou castigar você depois disso. - Um arrepio percorre meu corpo. Merda! Eu gosto disso.
- Você vai ao apartamento?
- Acho que não posso fazer o que tenho em mente lá. Esteja no Escala as nove em ponto. - Ele senta na cadeira.
- Andreia, peça para que Ross volte aqui.
- Já resolvemos tudo, Senhorita Steele. - Ele diz.



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